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Coluna: Cirurgião-Dentista

02/07/2021
Bruxismo: entenda como a pandemia pode afetar nossos dentes

Segundo a Organização Mundial da Saúde, a disfunção afeta mais de 80 milhões de brasileiros

Situações de estresse e nervosismo são normais no nosso dia a dia, mas este estado de espírito tem se tornado uma constante na vida do brasileiro neste último ano. Entre um período tão longo de isolamento social, a crise econômica no país e tantos outros cansaços mentais causados pela pandemia provocam alterações na saúde de nossa população. E, no consultório dentário, tem sido observado o aumento nos casos de bruxismo.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o distúrbio atinge 40% das pessoas no Brasil, equivalente a quase 84 milhões de brasileiros. “Tenho observado, assim como muitos profissionais, desde o ano passado, maior procura nos problemas relacionados à condição”, comenta doutor Willian Ortega, cirurgião-dentista.
O bruxismo é o ato involuntário de pressionar ou ranger os dentes e pode acontecer tanto durante o dia quanto durante o sono. Apesar de ser causado por uma desarmonia no formato da arcada dentária, na maioria das vezes, ele aparece como um sintoma da ansiedade e do estresse.
Para Ortega, a necessidade de se conscientizar as pessoas sobre o problema é que, por ser uma válvula de escape inconsciente, o diagnóstico geralmente vem de maneira tardia. “O bruxismo tem diversos sinais que se manifestam de maneira diferente em cada pessoa, por isso são difíceis de perceber, se você não sabe o que está procurando”, explica.
O mais comum dos indícios são as dores de cabeça e enxaquecas, que muita gente não relaciona com a dentição. Porém, conforme o distúrbio vai progredindo sem tratamento, podem ocorrer desgastes e quebras nos dentes, estalos ao abrir e fechar a boca. O cirurgião ainda relata que em casos mais extremos, o movimento repetitivo afeta os tecidos que dão suporte à mandíbula, como os ligamentos e músculos da região do rosto.
“Um grande indício que vale a pena observar, é a dor de cabeça ou rosto muito intensa, logo ao acordar, indicando que você provavelmente está forçando os dentes durante a noite,” aponta Ortega. Ele ainda frisa, mesmo que não seja o caso, já que a dor na região é normal em momentos de tensão, o bruxismo é muito mais fácil de lidar quando identificado cedo.
O tratamento é focado em reduzir a dor e preservar os dentes, já que a condição não tem cura. A placa dentária em acrílico é indicada, na maioria dos casos, produzida sob medida para encaixar entre os dentes protegendo-os do impacto.
Uma alternativa surpreendente é a aplicação do botox, que no caso do bruxismo é utilizado com fins terapêuticos. A substância promove relaxamento muscular e automaticamente diminui a tensão da região. “Em determinados casos a paralização do músculo pode ser benéfica trazendo uma sensação de alívio ao paciente e diminuindo até o uso de medicamentos para dor ou inflamação. O foco é que o paciente não perca a mobilidade mandibular,” esclarece doutor Willian.
Apesar do transtorno não ser perigoso, o desconforto constante prejudica muito a qualidade de vida de quem passa por ele. Por isso, para o cirurgião, é essencial sempre consultar um especialista, tanto para a parte física quanto mental, já que eles andam juntos quando se trata de bruxismo. “Buscar formas de relaxar e diminuir a ansiedade, como uma leitura leve, filmes, jogos de diversão, meditação ou qualquer outra atividade que cause prazer e relaxamento também é importante para o tratamento”, finaliza Ortega.

Dr. Willian Ortega
CRO-PR 23627
Cirurgião-Dentista

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@drwillianortega

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